quinta-feira, outubro 09, 2008

Seu moço,
para o mundo que eu quero descer
será que você já sabia que o temporal viria?
depois do temporal vem a calmaria
quem diria
depois do temporal veio um vendaval
com direito a tsunami arrancando a alma do varal
tsunami de sentimentos
tsunami na alma
agora eh esperar a a onda voltar ao mar
a poeira baixar e calcular estragos
contabilizar danos
reelaborar planos
tentar dos destroços deixados
reerguer a vida,
a confiança perdida
a alma partida
depois da tempestade vem a calmaria

oh seu moço
para o mundo que preciso descer
tsunami de emoções
não quero mais não
eu que nem de montanha russa gosto
vai, para o mundo só um poquinho
o tempo de poder respirar
apenar apa poder sossegar o coração pequenininho
e voltar a girar

segunda-feira, outubro 06, 2008

Seu moço,
para esse mundo que eu preciso descer
cai aqui de paraquedas
e já não sei mais o que fazer
me sinto perdida no meio de um mundo
que não conheço

por ai tropeço em nuvens
preciso de estrelas
companheiras de brincadeiras
onde a vida era calma e serena

aqui neste mundo perdido
existe dor sofrimento solidão
seu moço, para esse mundo
que preciso descer
me leva de volta de onde cai
me leva de volta pro tempo
em que a vida se era vivida
e não simplesmente atropelada pela existência

seu moço
para esse mundo
que eu preciso descer...

terça-feira, setembro 30, 2008

imagem em forma de poema

domingo, setembro 28, 2008

Ter ou não ter namorado??
sentir-se acariciada com um breve olhar
sentir a alma florir quando o telefone toca
sentir a pele arrepiar quando ouve um simples oi
ser chamada de nomes que apenas nossos ouvidos sabem
e apenas nossas almas sabem
tocar uma pele que nossos sentidos já conhecem mesmo sem nunca se tocarem
sentir o coração bater mais forte quando, ao pensar nele
o sentir pensando em você
ter ou não ter namorado
não necessariamente um namorado que se veja todos os dias
a todos os momentos
mas um ser que complete nosso ser sedento
de olhares, mãos, peles, pêlos, zêlos, apelos
sentir aflorar o melhor de mim dentro de outro ser

Ter ou Não Ter Namorado Eis a Questão

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de se mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil, porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrimas, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e, quando se chega ao lado dele, a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira, basta um olhar de compreensão ou mesmo de afiliação.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim, pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado, quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando se fala junto, ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo, de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçados, fazer compras juntos. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ele para parques, fliperamas, beira d'água, show de Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonho ou musical de metrô.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado, quem ama sem gostar, quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou, meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser efetivo.
Se você não tem namorado é porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pensando duzentos quilos de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita e, passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras; escove a alma com leves fricções de ternuras; escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fadas. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.

Enlou-cresça.
(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, agosto 05, 2008

sem titulo e sem necessidade de aspas

Triste o fim de Policarpo Quaresma
enquanto isso, fico eu, a esmo
neste ermo deserto
ligada plugada ilhada
esperando um movimento
um momento
um vento
que faça balancar minhas velas
me leve para aquarelas belas
livre de regras normas ou pequenas querelas
livre para poder sentir
existir
triste o fim de Policarpo Quaresma
triste o fim de todos nós
triste o fim do dia
que finda sem tua vinda
sem tua voz
sem teu carinho
triste o fim do dia sem calor de um sol a se por
sem amor
esperando um movimento
um momento
um vento
que balance minhas velas pandas
brandas
e me leve breve pro passado
e de lá, revisar o momento presente
presente em mim
vindo do fundo
leve ao infinito